domingo, 1 de abril de 2012

Formação Continuada de Professores

A formação continuada de professor como passo fundamental para mudança

A formação continuada de professor como passo fundamental para mudança

A formação continuada não pode ser concebida apenas como um meio de acumulação de cursos, palestras, seminários de conhecimentos ou técnicas, deve ser encarada como um trabalho crítico reflexivo sobre as práticas e de construção permanente de uma identidade profissional. Assim como defende Francisco Imbernón (2010), a formação não pode se tornar padronizada, nem se basear em um modelo de treinamento pronto proposto por um especialista que não conhece a realidade do cotidiano da escola.

Foi com base nessas concepções que iniciei a construção do trabalho interdisciplinar de conclusão do curso de Pedagogia, cujo eixo se baseava na formação continuada de professores.

A escolha da escola para realizar esse trabalho, foi justamente a escola de educação Infantil em que tive minhas melhores experiências enquanto educadora em processo de formação.

Para elaboração do projeto, foi preciso me inserir novamente àquela realidade escolar, tendo a oportunidade de reencontrar e trabalhar com antigas colegas. Esse reencontro com o grupo de professores já conhecido me possibilitou firmar parcerias e conhecer melhor as potencialidades e fragilidades da escola; havia uma grande dificuldade dos professores no planejamento da ação pedagógica, por falta de conhecimentos pedagógicos; a coordenação, por sua vez, não priorizava momentos de formação continuada, reservando as reuniões apenas para aviso gerais e combinações.

            Também foi constatada que não estava claro, para a gestão da escola, a concepção de formação continuada, uma vez que era entendida como a participação em cursos de curta duração, palestra e/ ou seminário sobre uma determinada temática, que não cumpre a função de acompanhar a forma de organização do trabalho pedagógico do professor, nem suas necessidades e seu crescimento, não oportunizando, portanto, a transformação da realidade.

Para mudarmos essa concepção de formação padronizada, é necessário que as formações visem atender à realidade das instituições, pensando em alternativas que auxiliem os profissionais a qualificarem sua atuação. Se não houver essa mudança continuaremos tendo professores que muito sabem sobre o assunto de uma determinada problemática, mas nada conseguem fazer para transformá - lá.

            A formação continuada, então, deve promover um espaço de estudo, de aprendizagens compartilhadas, de construção de parcerias entre professores, para a reconstrução do conhecimento, onde, coletivamente, tenham a oportunidade de perguntar, pensar, problematizar, trocar experiências e repensar suas ações na organização da ação pedagógica.  

A formação continuada de professores, mais do que atualizar os assistentes, deve ser capaz de criar um espaço de formação, de pesquisa, de inovação, de imaginação, etc., e os formadores de professores devem saber criar tais espaços, a fim de passarem do ensinar ao aprender. (IMBERNÓN, 2010 p 93)



Como principio norteador do trabalho, foram consideradas as necessidades reais apontadas pelo grupo, buscando promover um espaço de reflexão coletiva sobre o planejamento da ação educativa.

Como estratégia para chegar aos projetos de trabalho, foi proposto ao grupo de professores e coordenadores que pensassem sobre o planejamento: quais caminhos são possíveis seguir; onde esses caminhos levarão; e, principalmente, onde levarão os alunos. Para desencadear essa discussão foi proposto interpretações de charges que sugeriam dois tipos de organização pedagógica: por meio de datas comemorativas – que era a prática mais usual da escola - e por meio de atividades padronizadas.

            Analisando as charges, os professores puderam reconhecer seu modo de trabalhar e repensar sobre a intencionalidade de suas práticas. Os educadores tiveram a oportunidade de expressar suas dificuldades e potencialidades na organização do planejamento do trabalho e também demonstraram preocupação com os alunos e interesse em conhecer novos caminhos e estratégias para qualificar a prática educativa.

Dando continuidade ao encontro de formação, propomos relatos da organização da prática educativa por meio de projetos de trabalho na educação infantil, analisando experiências vividas por mim e também por outros educadores. Discutimos o quanto esta organização favorece a construção do conhecimento e da autonomia da criança, priorizando seu desenvolvimento integral.

A seguir, propomos as educadoras à vivência de um planejamento participativo, para a construção coletiva de um projeto de trabalho. Ao longo da discussão, surgiram necessidades de repensar suas práticas em diferentes aspectos, considerando as necessidades de: promover melhor a utilização dos espaços; valorizar o dia do brinquedo; utilizar recursos naturais da escola, entre outros. Foi um momento de trocas, onde professores e coordenadores puderam repensar sua realidade e levantar alternativas de como enriquecê-la.

            Para conclusão do encontro, foi proposto à construção de um painel coletivo, onde cada professor expressasse suas aprendizagens sobre o planejamento, favorecendo a reflexão sobre as construções desenvolvidas durante a formação. Durante a apresentação dos trabalhos foi explicitado o quanto há interesse dos professores em assumir os projetos de trabalho como forma de organização a ação pedagógica, alcançado assim os objetivos do encontro.

            Portanto, para uma verdadeira transformação da realidade escolar, é fundamental que a escola seja o foco do processo, refletindo suas ações, repensando sua realidade e transformando-se sempre que necessário. É necessário que todos que envolvem essa comunidade escolar participem desse processo, pois só assim ele será significativo e as mudanças incorporadas por todos. Essa participação coletiva propõe aos participantes um papel ativo e a responsabilidade de dar continuidade ao processo de transformação.

A ideia central deve ser potencializar uma formação que seja capaz de estabelecer espaços de reflexão e participação, para que professores aprendam com a reflexão e análise, das situações problemáticas [...] e para que partam das necessidades democráticas do coletivo, a fim de estabelecer um novo processo formador que possibilite o estudo da vida em sala de aula e nas instituições educacionais, os projetos de mudança e o trabalho coletivo. (IMBERNÓN, 2010 p 42)



Por isso, levar em conta o contexto onde ocorreu a formação, foi de suma importância, uma vez que atendeu as necessidades do grupo, o que proporcionou um envolvimento ativo dos professores, que tiveram oportunidades de expor suas rotinas e suas dificuldades, repensando suas ações para aperfeiçoá-las. Acredito que esse é um bom caminho para a Instituição educativa assumir no processo de formação continuada, quando pretende que seus educadores tenham como intencionalidade em suas práticas propiciar a aprendizagem significativa ao grupo de alunos, repensando sobre suas ações, potencializando a relação teoria e prática e buscando verdadeiras mudanças, realizando trocas entre os parceiros que caminham rumo a um mesmo objetivo assumido coletivamente. 

Referencias bibliográficas
HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998

IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Porto Alegre: Artmed, 2010.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed 1998.

Artigo de Conclusão - continuação

Aprendizagem significativa através dos projetos de trabalho

Como professora da educação infantil, vivenciei diferentes experiências com projetos de trabalho, todas muito gratificantes, porém uma delas marcou minha trajetória e esse projeto denomina-se “O carteiro chegou!”, ele surgiu do interesse dos alunos em agradecerem a autora Tatiana Belinky por uma de suas obras, chamada “O Grande Rabanete”

Exploramos a história do livro em diferentes atividades, tais como: experimentação e plantio do rabanete, jogos matemático e de letramento com os personagens e elementos da história, dramatização e apresentação de um teatro baseado na obra. E, mesmo depois dessa exploração, o interesse e o entusiasmo pela história permaneceram no grupo, surgindo então o desejo de se comunicar com a autora.

Com base nesse desejo, surgiu um problema no grupo: como iriam se comunicar com a Tatiana Belinky, uma vez que ela mora na cidade de São Paulo? Após conversas e discussões, decidimos que o melhor meio, para isso, seria escrever uma carta. Julguei oportuno utilizar, nesse contexto, o livro intitulado “O carteiro chegou!". O enredo da história valoriza o lúdico e resgata os contos de fadas, além de apontar a função social da correspondência  explorando diferentes tipos: cartas de intercâmbio social, propaganda, cartão postal, comunicação judicial, entre outras. Após a leitura e exploração da história, o grupo foi questionado: _Vocês conhecem cartas? Sabem para que elas servem? Sabem como utilizamos esse meio de comunicação?

Neste momento, os alunos foram convidados a pensar e a socializar no grupo seus conhecimentos prévios, suas dúvidas e hipóteses.

Considero que o processo de problematização é fundamental para a construção de um projeto, pois quando um tema surge de um problema real para o grupo, há um envolvimento ativo das crianças em todas as etapas.

Para poder estabelecer os vínculos entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios, em primeiro lugar é preciso determinar que interesses, motivações, comportamentos, habilidades, etc., devem constituir o ponto de partida. Para conseguir que os alunos se interessem é preciso que os objetivos de saber, realizar, informar-e e aprofundar sejam uma conseqüência dos interesses detectados, que eles possam saber sempre o que se aprende nas atividades realizadas e que sintam que o fazem satisfaz alguma necessidade. (ZABALA 2008, p. 94)

Outra evidência que já havia sido observada nas condutas de interesse do grupo sobre essa temática, foi a relação que estabeleciam com o carteiro da escola. Nos momentos de pátio, quando o carteiro se aproximava da escola, as crianças costumavam ir até o portão para cumprimentá-lo e, se possível, der-lhe um aperto de mão. Como o carteiro costumava passar diariamente no mesmo horário, as crianças já o esperavam, sendo visível os indícios de uma amizade que estava sendo estabelecida entre as crianças e o funcionário do correio.
Constatando o interesse crescente do grupo pela temática que estava sendo delimitada, propus a leitura de alguns livros de literatura infantil que, além de enriquecerem o imaginário das crianças, fomentando o desejo de aprenderem a ler, trariam elementos importantes para que estabelecessem relações ampliando seus conhecimentos sobre as cartas, o carteiro, os percursos de uma correspondência.

Para colocar as crianças em contato com os possíveis caminhos percorridos por uma carta, busquei outro livro: “A viajem de uma carta". que conta a história de uma correspondência que viaja por muitos lugares, e mais uma vez valorizei os conhecimentos prévios dos alunos, as suas concepções sobre como as correspondências chegam nas nossas residências. Ao longo dessas atividades, as crianças concluíram que a carta que queríamos enviar para Tatiana Belinky iria partir do correio e, de lá, seria encaminhada de avião até a cidade da escritora. Chegando ao correio, o carteiro ficaria responsável para entregá-la no endereço postado, colocando-a na sua caixinha de correspondência.

Iniciamos, então, a construção coletiva da carta para Tatiana Belinky, as crianças queriam contar tudo o que haviam feito no projeto anterior e agradecer pela história: “O grande Rabanete”. As crianças ainda fizeram desenhos, os quais foram postados junto com a correspondência. Para prosseguir com o projeto, que havia empolgado tanto o grupo, propus uma atividade de amigo secreto na qual, em vez de presentes, cada um deveria escrever uma carta ao amigo. Essa atividade envolveu também os pais, pois eles participaram com seus filhos na elaboração do texto. Combinamos de selá-las e depositá-las na agência dos correios.


Acredito que a literatura, na escola de educação infantil, contribui para o desenvolvimento das crianças, assim como as aproxima do mundo imaginário, resgatando o lúdico durante a aprendizagem, o que torna o contato com  a língua escrita um momento de prazer, tornando-se uma importante ferramenta para trabalhar diferentes temas, que podem colaborar para que elas conheçam as realidades em suas complexidades.

De algum modo à literatura aparece à criança como um jogo, uma fantasia, muito próxima ao real, uma manifestação do sentir e do saber, o que permite a ela inventar, renovar e discordar (...) O uso da literatura infantil em conexão com o trabalho de resolução de problemas, permite aos alunos e professores utilizarem e valorizarem, naturalmente, diferentes recursos na busca por uma solução, tais como desenho, oralidade, dramatização, tentativa e erro, que são normalmente esquecidos no trabalho tradicionalmente realizado nas aulas. (SMOLE, 1999 pg 11 e 24).



Assim como defende Smole, a leitura do livro “O carteiro chegou” possibilitou a criação de um jogo de trilha, em que diferentes problemas deveriam ser solucionados pelas crianças, reconstituindo a sequência da narrativa.  Neste jogo, estavam descritos todos os percursos que o carteiro do livro percorreu. O grupo foi divido em duas equipes: azul e amarela, e cada equipe tinha sua trilha para percorrer. Cada equipe recebeu um pino com o carteiro que deveria entregar as cartas para os personagens da história ao longo do percurso no tabuleiro. O dado era lançado de cada vez por uma equipe, para deslocar o carteiro que, ao parar na frente da casinha de um dos personagens da história, deveria entregar a carta correspondente. O jogo envolvia o estabelecimento de várias relações, pois as crianças tomavam um envelope em branco e tinham, como tarefa, que localizar a bandeja que apresentava a cartela com o destinatário e remetente da respectiva carta, colando-a no envelope. Como o jogo respeitava a sequência da história, elas ainda pesquisavam informações no livro, para encontrar indícios de como deveriam completar o envelope da carta. Ganhava a equipe que conseguisse entregar primeiro todas as cartas, mas todas as equipes permaneciam jogando até atingirem esse objetivo.

Após diversas explorações sobre a função do correio, das correspondências, dos selos e do carteiro, finalmente chegou o dia de irmos à agência dos correios postar as cartas do amigo secreto e da Tatiana Belinky. Combinamos que, em primeiro lugar, iríamos comprar o selo para então depositar a carta na agência. Nesse passeio também iríamos visitar o Centro de Distribuição Domiciliar, para conhecer os carteiros e seu local de trabalho. Foi uma atividade muito prazerosa, as crianças tiveram oportunidade de fazer perguntas aos carteiros e conhecer melhor o funcionamento de um correio. Para essa atividade tivemos o auxilio do carteiro da rua da escola, que nos recebeu com muito carinho.
Encontrar o carteiro tão amigo das crianças foi muito significativo, pois assim elas se sentiram seguras para realizar suas perguntas, agindo espontaneamente, queriam saber toda rotina dos carteiros: quantas cartas eram entregues diariamente, se conheciam todos os destinatários, onde almoçavam, que horas iam para casa, entre outras perguntas. Ao final algumas exclamaram: - Quando eu crescer quero ser carteiro!. Ao que nosso amigo carteiro respondeu: - Hoje, essas crianças me deixaram orgulhoso  de minha profissão.
Conhecer o centro de distribuição e estabelecer parceria com carteiro da escola, possibilitou ao grupo entender melhor o funcionamento dos correios e, assim, estabelecer maior número de relações frente aos nossos estudos. Durante o desenvolvimento do projeto, é fundamental que as crianças tenham acesso a diferentes fontes de informações, para que tenham mais oportunidades de estabelecer relações, pensando e repensando sobre o tema, solucionando dúvidas e criando novas hipóteses acerca do objeto de estudo, é a partir desse processo que a criança exerce protagonismo construindo conhecimentos e desenvolvendo sua autonomia.  
Para finalizar o projeto, dramatizamos a história do livro O carteiro chegou, brincando de ser o carteiro que distribuía as correspondências entre colegas que representavam os personagens do livro. Nessa atividade os alunos precisaram se colocar em diferentes papéis, como, o de carteiro e de destinatários, organizando e percorrendo um circuito montado na sala de aula. Vivenciaram uma situação prática de jogo simbólico-cooperativo, que possibilitou o estabelecimento de relações com os assuntos trabalhos e discutidos em aula, pois, ao se colocarem no lugar de cada um dos personagens da história, as crianças tiveram oportunidade de ter uma noção mais ampla do funcionamento dos  correios e da singularidade desta profissão, contextualizando, de forma lúdica, no tempo e no espaço, as aprendizagens.

Desde Decroly até hoje, afirma-se que todas as crianças gostam de plantas e de animais, todas as crianças querem saber sobre meios de transporte, todas as crianças gostam de festejar efemérides e assim por diante. É lógico que elas se interessam pelo mundo que está a sua volta e que querem compreende-lo; porém, estudar, criar significado, compreender, estabelecer relações, imaginar cenas, personagens e narrativas a partir de uma vivência é um  trabalho contextualizado no tempo e espaço. (BARBOSA, 2008 p. 38)
Durante o desenvolvimento desse projeto de trabalho, pude perceber o quanto essa forma de organizar a ação pedagógica pode produzir resultados fascinantes, envolvendo ativamente alunos, professores, familiares e sujeitos da comunidade. Nessa perspectiva, o professor se torna aprendente, pois foi necessário pesquisar sobre o assunto, trazer propostas que suprissem as dúvidas iniciais das crianças, mobilizar a cada dia os alunos para atividades sobre aquele tema, valorizando sempre a participação deles e também das famílias.
Nesta metodologia, professor e alunos compartilham metas objetivas de trabalho e os conteúdos são organizados em torno de questões que permitem a sua re-significação no interior do processo ensino-aprendizagem.
Alunos e professor têm a possibilidade de aplicar seus conhecimentos prévios sobre determinado tema, buscar novas informações e utilizar os conhecimentos e os recursos construídos a partir de diálogos e pesquisas, atribuindo um sentido amplo ao assunto.
Assim como defende Lúcia Helena (1998 pg. 67), trabalhar projetos envolve sempre a resolução de problemas, possibilitando a análise, a interpretação e a crítica por parte dos alunos. Mas para isso é preciso dar oportunidade de protagonismo às crianças, convidando-as a pensar e participar.
Essa forma de trabalhar tornou o espaço da sala de aula, um ambiente rico em trocas, os alunos assumiram uma postura cooperativa e participativa, sentindo-se participantes ativos no planejamento. Como professora, tive a oportunidade de desenvolver uma escuta atenta e um olhar perspicaz, percebendo as necessidades e interesses do grupo, que, posteriormente, se tornavam tema para estudo. Procurei criar um ambiente que proporcionasse ao grupo manifestar suas curiosidades, teorias, hipóteses, opiniões e argumentos.

A pedagogia de projetos vê a criança como um ser capaz, competente, como um imenso potencial, e desejo de crescer. Alguém que se interessa, que pensa, que duvida, que procura soluções, que tenta outra vez, que quer compreender o mundo a sua volta e dele participar, que é aberto ao novo e ao diferente. (BARBOSA, 2004 p. 12)
Como retorno deste trabalho, tive destaque na escola, onde coordenação, pais e professores encantavam-se pelo ambiente da sala de aula e desenvolvimento dos alunos, questionando-me: _ O que tu fizeste com essas crianças? _Como tu transformaste a sala de aula em um ambiente tão querido para os alunos? _Por que eles têm tanta vontade de vir para a escola?...
Mesmo com minhas novas convicções referentes à importância dos projetos de trabalho, percebi que a escola ainda estava buscando sua identidade na forma de planejar, e, embora minha trajetória tenha sido tão rica nessa escola, almejava novas experiências com profissionais que também acreditassem nessas concepções de ensino e aprendizagem, por isso parti para novos desafios.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Artigo de conclusão

Trago hoje um pouco da minha história, de como me tornei uma professora. Esse foi o eixo condutor para elaboração do meu projeto de conclusão do curso de Pedagogia, que intitulei: "DA ALUNA Á EDUCADORA: UMA FORMAÇÃO POR MEIO DE PROJETOS DE TRABALHO".
Pensando sobre planejamento: buscando novas alternativas

Desde o inicio do Curso de Pedagogia estive inserida em diferentes contextos educativos, algumas vezes atuando como docente, outras vezes como auxiliar. Essas experiências enriqueceram minha caminhada, pois através delas, pude pensar sobre a realidade educativa e, principalmente, potencializar a relação teoria e prática, mas foi atuando como professora de uma classe de Jardim B, na Educação Infantil, que obtive minhas experiências mais ricas.

As minhas primeiras experiências docentes, ainda no início do Curso, eram organizadas a partir de uma lista de atividades que eu preparava para realizar com meus alunos e, nesse período, procurei fórmulas prontas de como ensinar, assim como busquei referenciais, em mim, enquanto a aluna que fui, e na relação que tive com minhas professoras. Percebi, então, que não havia significado algumas das atividades que eu estava propondo aos meus alunos, e foi assim que, pela primeira vez, me deparei com as questões: O que selecionar para ensinar? Como planejar para que minha prática junto aos alunos promova aprendizagens significativas? Essas questões surgiram porque, já havia compreendido que uma lista de atividades apenas preencheria o tempo de permanência do grupo na escola, e eu, pelos estudos que estava realizando, já sentia a necessidade de assumir um planejamento com intencionalidade transformadora, que envolvesse o grupo, sua participação, comprometendo-me com o desenvolvimento de cada aluno.

Busquei auxilio em leituras de alguns teóricos, em artigos e, nas disciplinas no Curso de Pedagogia, gradativamente, fui entendo que planejamento é um processo de tomada de decisão do educador com base nas suas concepções de mundo, de criança, de ensinar e aprender. Em um processo reflexivo, fui percebendo, as necessidades do grupo de crianças com
as quais interagia, localizando as manifestações de problemas que mobilizavam suas curiosidades, e organizava meu planejamento de forma a ajudá-los a buscar soluções e respostas, tornando, assim, as aulas interessantes e significavas.

Um dos objetivos de qualquer profissional consiste em ser cada vez mais competente em seu oficio. Geralmente se consegue essa melhora profissional mediante o conhecimento e experiência: o conhecimento de variáveis, que intervêm na prática e a experiência para dominá-las. (ZABALA, 1998 p. 13)

Mesmo após esse processo reflexivo que viabilizaram mudanças na ação docente, ainda não organizava meu planejamento por meio de projetos de trabalho, por falta de um conhecimento mais aprofundado. Mas, quando conheci essa forma de planejamento me identifiquei muito, pois os projetos de trabalho foram ao encontro das minhas concepções de ensino e aprendizagem, priorizam a construção do conhecimento e podem surgir de qualquer situação que mobiliza a curiosidade e o interesse do grupo. Através dos projetos de trabalho qualifiquei meu planejamento e a intencionalidade da minha ação docente.

A aprendizagem acontece em situação concretas, de interação, como um processo contínuo e dinâmico em que se afirma, se constrói e desconstrói, se faz na incerteza, com flexibilidade, aceitando novas dúvidas, comportamento a curiosidade, a criatividade que perturba, que levanta conflitos. (BARBOSA, 2004 p. 11)

Foi trabalhando com projetos de trabalho que descobri que esta forma de organizar a ação pedagógica prioriza os conhecimentos prévios dos alunos e nasce de situações concretas, sendo assim, consideram-se suas necessidades e interesses, favorecendo a construção de conhecimentos significativos, além do desenvolvimento da autonomia. Fui colocada no papel de aprendente e mediadora dos processos de construção dos conhecimentos, e por isso precisei pesquisar e aprofundar meus conhecimentos acerca dos temas trabalhados. E os alunos se tornaram meus parceiros e protagonistas, participando ativamente de todas as etapas do projeto.

Através dos projetos de trabalho pretende-se fazer as crianças pensarem em temas importantes de seu ambiente, refletirem sobre a atualidade e considerarem a vida fora da escola. Eles são elaborados, executados para as crianças aprenderem a estudar, a pesquisar, a procurar informações, a exercerem a crítica, a duvidar, a argumentar, a opinar, a pensar, a gerir as aprendizagens, a refletir coletivamente, e o mais importante, são elaborados e executado com as crianças e não para as crianças." (BARBOSA, 2008 p.34)